A informação é o fenômeno humano e social que depende precipuamente da linguagem, sendo, pois, a transmissão de um saber, através de sistemas de valores, ou seja, a linguagem enquanto ato de discurso. Neste contexto, abordam-se as mídias no intuito de analisar o discurso da informação. As mídias são criticadas por constituírem um "quarto poder", embora, os indivíduos estejam como refém das mesmas pelos efeitos provocados longe de qualquer pretensão à informação. Por outro lado, percebe-se que a mídia possui um sentido simbólico, que faz viver as comunidades sociais, manifestando a forma como os cidadãos, seres coletivos, regulam o sentido social ao estabelecer sistemas de valores. Corroborando com a assertiva de Patrick Charaudeau: "é próprio de uma comunidade social produzir discursos para justificar seus atos, mas não está dito que tais discursos revelam o verdadeiro teor simbólico desses atos: muitas vezes o mascaram, por vez o pervertem, ou mesmo o revelam em parte." Diante disso, destaca-se o discurso publicitário, que não se trata de um fenômeno isolado, pois faz parte do panorama geral da comunicação, a qual serve para conduzir a informação. O discurso publicitário é repleto de componentes persuasivos que se fazem presentes nas formas mais estereotipadas da mensagem, que compõem as propagandas esquemáticas que atraem o indivíduo, seja porque ele se identifica com aquela realidade, seja por querer pertencer a mesma. Neste cenário, percebe-se que o discurso publicitário é composto por vários fatores ancorados, tais como fatores sociológicos, econômicos, ideológicos etc. Por essa ótica, pode-se dizer que a comunicação ao lado da escola, reproduz os valores dominantes em benefício dos donos do poder; por outro lado, a comunicação deve ajudar a produzir o consenso necessário à coesão social. A partir do desenvolvimento tecnológico, observa-se a necessidade de os sistemas educacionais participarem disto, estimulando o grupo como afirma Ângela Schaun "estimular a voz do coletivo através da convergência de saberes, em que o percurso da educação para a comunicação, ou da comunicação para a educação, passou a ser um campo que perpassa as diversidades aparentes."
MATERIAIS E MÉTODOS
Educomunicação é um conceito utilizado para designar o encontro da educação com a comunicação, propondo o uso dos novos recursos tecnológicos e técnicas comunicativas na aprendizagem. De acordo com Schaun: "A questão da Educomunicação busca ressignificar os movimentos comunicativos inspirados na linguagem do mercado da produção de bens culturais, mas que vão se resolver no âmbito da educação como uma das formas de reprodução de organização de poder da comunidade, como um lugar de cidadania, aquele índice do qual emergem novas esteticidades e eticidades." A fundamentação do arcabouço teórico deste artigo possui trajetória investigativa, pois articula informações do conhecimento científico ancorado em experiências técnicas, que se instaura na relação Educação/ Comunicação. Deste modo, este estudo irá constituir a comunicação como mediadora político/social, pois mesmo que esta atenda os apelos da indústria cultural, inspirada no consumo (discurso publicitário), vai colocar-se a frente na questão educativa.
O problema de pesquisa proposto neste projeto, é orientado na investigação de "É possível unir Educação e Comunicação na formação infanto-juvenil, visando um futuro consumo consciente?" A partir do problema proposto configura-se como metodologia, a instauração de práticas discursivas sociais, de cunho teórico, visando um maior conhecimento das ações comunicativas de atuação para a transformação social. Este estudo é essencialmente de natureza bibliográfica, tendo como procedimento geral o método indutivo, por levar conclusões à conteúdos mais amplos que as premissas as quais se basearam; como também é de cunho exploratório, pois visa tornar o problema mais claro.
RESULTADOS
De acordo com as Teorias de fundamentadas na Escola Americana dos Efeitos, que foi marcada por estudos de abordagem que vão desde a engenharia das comunicações, passando pela psicologia e sociologia, foi possível compreender como funcionam os processos comunicativos. Este campo de estudo, é dividido em várias correntes, uma delas é a funcionalista, a qual aborda hipóteses sobre as relações entre os indivíduos, a sociedade e os meios de comunicação, tendo como objetivo o equilíbrio da sociedade. Deste modo, o que define o campo de interesse nesta corrente, é a dinâmica do sistema social. Se o sistema social é formado por cada individuo, que é um ser coletivo, a partir do momento em que se estudam os fenômenos psicológicos individuais, que constituem a relação comunicativa, notar-se-á vários processos psicológicos entre a ação dos meios e os efeitos, desde o interesse em obter uma informação até mesmo a predisposição a determinados assuntos. Ou seja, qualquer tipo de comunicação resultará num efeito, toda comunicação é lançada a alguém com um devido fim. Quando se trata da mídia, seu fim é o consumo de produtos, ideologias e modismos, por isso seria interessante aplicar na metodologia escolar, debates sobre a temática dos meios de comunicação, como também do discurso sedutor das propagandas, com o objetivo de começar a estimular o senso critico dos estudantes.
DISCUSSÃO
Diante da temática abordada e tomando como guia os postulados de autores e pesquisadores conceituados, percebeu-se que a comunicação por si só já produz efeitos, e com isso ela busca um feedback. Nesta ótica, ao analisar não apenas a comunicação, mas os meios, e indo além o discurso destes, observar-se-á indivíduos sendo facilmente manipulados e influenciados pelo discurso persuasivo das mídias. Ao deparar-se com jovens indivíduos as margens do aprendizado, é possível identificar que eles são grande parte do público que é estimulado diariamente ao consumo. E quando se trata de discurso voltado para o público infanto-juvenil, observa-se os mais variados argumentos persuasivos, que influenciam não somente pelo discurso falado, como também pelo simbólico, ilustrações, cores e apelos dos mais diversos. Neste contexto, nota-se que o fato não é um individuo ser influenciado pela mídia, mas como se dá essa influencia. Pois diferentemente de um adulto, a criança não tem noção das fantasias que a mídia implanta, uma criança passa a informação para outra e outra, ou seja, as próprias crianças são peças divulgadoras, como em campanhas publicitárias que incitam crianças, frases como: "eu tenho, você não tem!". É pois, na formação escolar que deve ser aplicado uma didática voltada para a criação do senso crítico, sem deixar de compreender que se tratam do público infanto-juvenil, e também sem ter pretensões de formar nenhum critico que abomine as mídias e o consumo, o que se propõem é ensinar aos futuros jovens/adultos, a ter autonomia de suas ações e escolhas, como também incentivar o consumo consciente, até porque é o consumo que move a economia do país.
CONCLUSÕES
Este artigo é essencialmente de relevância acadêmica podendo contribuir para estudantes de diversas áreas tais como comunicação, sociologia e psicologia. De um modo geral, esse estudo sugere uma proposta as instituições de ensino fundamental, que seriam oficinas, as quais ensinariam o processo comunicativo bem como seus efeitos. Por fim, este estudo trouxe um ponto de vista diferente. Sabe-se que a publicidade move a economia do país, uma vez que ela incentiva o consumo, e aqui não se faz a crítica ao discurso publicitário, muito pelo contrario, o profissional de publicidade deve ser valorizado e não somente pelo referencial em vendas, sendo interessante sua contribuição com a educação cidadã, pois o que se propõem é o consumo consciente através da educação.
REFERÊNCIAS
BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995.
BELLONI, Maria Luiza. O que é mída-educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo: Contexto, 2006.
FRANÇA, Vera Veiga; HOHLFELDT Antonio; MARTINO Luiz C. Teorias da Comunicação: Conceitos Escolas e Tendências. Petrópolis: Vozes, 2001.
SCHAUN, Ângela. Educomunicação: reflexões e princípios. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis, Vozes, 2008.